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quinta-feira, 14 de abril de 2016

Apologética - Bíblia I

Pois bem. Estudando sobre Apologética, já a abordamos de maneira geral e no último post começamos a abordar assuntos específicos; o primeiro deles foi o Relativismo e suas afirmações de que "tudo é relativo". No post de hoje vamos estudar um pouco sobre este livro sagrado dos cristãos chamado "Bíblia": ela é palavra de homens ou Palavra de Deus?

Quando se fala de Bíblia em confrontos apologéticos, estamos via de regra pensando no seu cânon; esta é uma palavra que vem do grego e significa "vara reta" ou "régua". Refere-se aos livros bíblicos que caracterizam-se como divinamente inspirados. A questão é: como saber se esses livros são canônicos de fato? Estamos falando de 66 livros na Bíblia. Outra: e os apócrifos, que são considerados escritos humanos, sem inspiração divina?



Sobre o cânon do Antigo Testamento

O cânon protestante do Antigo Testamento é o mesmo do cânon hebraico massorético, mudando apenas a ordem. Os massoretas eram judeus estudiosos que guardavam a tradição oral do texto, e as “massoras” eram anotações ou estatísticas colocadas ao lado das linhas do texto.

Há diversas testemunhas do cânon hebraico. Um dos principais é o historiador judeu Josefo (37-95 a.C.) que registrou tudo deste Artaxerxes, após a cessação dos profetas, inclusive afirmou que desde a época de Malaquias (reinado de Artaxerxes) nada foi acrescentado aos livros do cânon hebraico; sendo isto aceito pela comunidade judaica.

Mas Josefo não é o único, podemos citar Mileto, Bispo de Sardes; Orígenes, erudito do Egito: Tertuliano; Jerônimo, que também comprovaram o cânon hebraico. Este último cidadão foi o tradutor da Vulgata Latina, que deu origem ao cânon católico (vamos já falar mais sobre isso); é interessante notar, porém, que Jerônimo considerava os livros apócrifos apenas úteis para edificação e não como canônicos.

Aliás, outras versões da Bíblia na época confirmavam também o cânon hebraico, como a Peshita, que era a versão sira da Bíblia. Note também que o próprio Jesus e os apóstolos não questionaram o cânon hebraico de sua época e tampouco citaram os livros apócrifos.

Mas e quanto ao cânon católico do Antigo Testamento, que inclui os livros apócrifos, que são: adições a Daniel e Ester; Baruque; Carta de Jeremias; I e II Macabeus; Judite; Tobias; Eclesiástico e Sabedoria, além de por vezes incluir III e IV Esdras além de Oração de Manassés após o Novo Testamento? Tudo isto originou-se na Vulgata Latina, que, por sua vez, veio da Septuaginta.

A Septuaginta é nada mais nada menos que a tradução dos livros judaicos para o grego, por volta do século II a.C. Os tradutores da época traduziram diversos livros da cultura judaica e não somente o cânon hebreu; sendo acadêmicos e não necessariamente religiosos, eles não consideravam os livros como obrigatoriamente sagrados, mas sim títulos que valiam a pena traduzir pelo conhecimento em si. De qualquer jeito, foi feita a tradução de diversos livros e não só do cânon.

Séculos mais tarde, foi a vez de Jerônimo fazer a tradução da Septuaginta para o latim, originando a Vulgata Latina. Ele incluiu os livros apócrifos na sua tradução e ele mesmo afirma (sim, há textos assinados por ele que comprovam!) que apenas os incluiu por achá-los úteis para o ensino e aprendizado da Bíblia (assim como temos muitos outros livros ou posts em blogs que buscam ter o mesmo propósito de elucidar um pouco mais sobre a Palavra).

Esta tradução da Bíblia tornou-se a mais utilizada pela Igreja Católica na Idade Média. Durante este tempo muitas outras traduções começaram a pipocar e muitas delas afastaram-se cada vez mais dos textos originais. As edições tornaram-se comuns e muitas variantes textuais da Bíblia surgiram.

A inclusão oficial dos livros apócrifos deu-se no Concílio de Trento (1546). A Igreja Católica, embora possa não afirmar isto categoricamente, os incluiu em clara reação ao protestantismo e o movimento da Reforma. Especialmente porque alguns livros apócrifos tinham importantes doutrinas para a manutenção da religiosidade católica, como as orações pelos mortos, as famosas indulgências e até mesmo a crença do purgatório.

Quando surge então a igreja protestante, ela não aceita todos os livros apócrifos por considerá-los não inspirados. Mas isto foi ainda resultado de muitas discussões entre os líderes e estudiosos, não foi uma decisão tomada por unanimidade num mero gesto de revolta. 

A parte triste desta história é que por ironia foram incluídos os livros apócrifos no cânon católico quando o próprio Jerônimo dizia que não os achava divinamente inspirados, apenas úteis para informação e estudo (especialmente sobre o período intertestamentário). 

Antigamente, até eram incluídos também nas Bíblias protestantes, como fontes históricas e culturais (coisa que são mesmo!), mas eles não estavam juntos do texto bíblico, eram mais como um apêndice que ficava só no final, separado do texto sagrado. Mas depois resolveram tirar também: sinceramente, melhor assim, para evitar mais confusões e anedotas históricas.

Sobre o cânon do Novo Testamento

Este é mais "tranquilo": católicos e protestantes concordam quanto a ele, embora os judeus (por razões óbvias) não o aceitem. Mas demorou também até todos os livros serem aceitos, havia outros livros considerados importantes na época e foi necessário muito discernimento do Espírito Santo, pois alguns deles (Hebreus, Tiago, Apocalipse e outros) foram submetidos a severas avaliações.

Mas afinal de contas, quais são os critérios de canonicidade dos livros do Novo Testamento? Já vimos que no Velho Testamento, a herança histórica judaica (que foi dada pelo próprio Deus por meio de Moisés e os escribas e tendo sido preservada por eles) foi um dos fatores essenciais. Mas há outros critérios além destes? Sim, há.

O testemunho interno do Espírito Santo é o principal deles (para ambos os Testamentos). O testemunho do Espírito vale também para o entendimento da igreja como um todo. Uma coisa deve ficar clara: não foi a Igreja ou os homens que determinaram o cânon, eles apenas o reconheceram! Foi Deus quem determinou o cânon antes mesmo da fundação do mundo, pois é expressão da sua eterna Palavra. Nós somos convencidos pelo Espírito Santo dessa verdade.

Já no século I d.C. muitos destes livros do Novo Testamento eram citados e reverenciados. Não obstante, nos séculos II e III eles foram muito questionados e debatidos, por conta de muitas heresias que surgiam derivadas da má interpretação deles. Foi apenas no século IV que eles foram reconhecidos oficialmente (apenas os 27 livros que compõem o Novo Testamento).

Outro critério que é de suma importância é claro que é o conteúdo dos livros. Qualquer que seja o escrito, ele não poderia estar em desacordo com os padrões ensinados por Jesus e os apóstolos ou mesmo com o Antigo Testamento (que aponta para Jesus). Foi por causa deste critério que os livros apócrifos foram rejeitados. 

Além disso, temos também as evidências internas dos próprios livros do Novo Testamento. Ou seja, temos escritos feitos por pessoas diferentes, em tempos diferentes, mas que apontam para evidências de inspiração com, por exemplo, textos comuns a todos.


Meus irmãos. Para que Deus nos deu o cânon? Deus tem se revelado à humanidade desde os tempos de Adão; mesmo após a queda, Ele não nos abandonou. O propósito de Deus com essas revelações sempre foi para que o homem O pudesse conhecer. Sua revelação culminante foi em Jesus: foi quando cessaram as novas revelações, pois daí em diante já era possível conhecê-lo pelo que já havia.

Agora é hora de conhecer este Senhor, este autor da carta! Leia a Bíblia, você está vendo que isto não é uma fé cega, que nós temos uma razão de ter esta esperança. Que o que temos escrito hoje, não chegou até nós por acaso, mas sim pela mão de Deus moldando a história do homem e garantindo que a Sua Palavra chegasse até nós hoje.

Seja Deus vosso guia e vossa luz. A Ele toda a glória.

S.D.G.

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